Para adeptos do catolicismo, iniciou nesta semana um tempo diferenciado com rituais específicos dentro de um ciclo chamado quaresma, um período marcado pela penitência e apelos à conversão
No Brasil, já virou tradição estar acompanhado de uma campanha voltada à fraternidade, movimento capitaneado pela Conferência dos Bispos (CNBB).
O apelo à conversão como uma adesão de fé é também direcionado a questões que envolvem a vida cotidiana e social. Não apenas uma conversão simbólica senão uma conversão concreta que reflete no dia a dia de pessoas cristãs.
Há uma equipe responsável por escolher a temática para cada ano. Definição elaborada com relativa antecedência para preparação de material que serve de subsídio em debates e também fundamento de espiritualidade.
Em 2025 o tema é Fraternidade e Ecologia Integral e o lema parte do princípio de uma obra criadora por parte de Deus que, após concluir os fundamentos, “viu que tudo era muito bom”. A ideia é destacar que o universo é um projeto harmonioso de vida. E as contradições e ameaças à sobrevivência das espécies, quando as relações já não mais são boas, é sinal de que algo não está bem e precisa de conversão. No caso da ecologia, que é o entendimento e a lógica das relações na casa comum (oikos), o agravamento de sinais extremos relacionados ao clima, justificam a preocupação e entendimento de que algo não está bem.
Ao analisar as causas, é coerente o pensamento de que estamos vivendo um período antropogênico que é o resultado de mudanças provocadas diretamente pela ação humana diante do que parecia estar em ordem. Ações estas movidas por um espírito não responsável e também nada fraterno. Não é de agora o diagnóstico de que a busca e exploração dos bens naturais está acelerado pelo interesse de pessoas e grupos que se sentem no direito de usufruir privilégios em detrimento de uma grande maioria que “paga o preço” das desordens ambientais. O que estamos assistindo, seja pelas enchentes e alagamentos, seja pela seca ou pelo calor bem acima da média, não é experimentado igualmente por todos. A experiência de que “não está bom” diverge entre quem está acomodado numa boa casa com sistema de climatização e quem está num trabalho de rua ou em galpões industriais.
Daí a legitimidade pelo apelo à fraternidade.
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