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O reverso da campanha

por Nicole Corrêa Roese

Estamos há menos de um mês das eleições municipais. Encurtou-se o tempo de campanhas. O que não significa menos campanha. Apenas se acelerou na velocidade em busca de votos. O jeito não mudou. É preciso correr contra o tempo, agora num tempo mais curto.
Quando trago o conceito de reverso é no sentido de algo que “está ou parece estar em posição oposta à normal”.
Entendo que o que parece normal para alguns pode não o ser para outros. E então é preciso justificar.
Qualquer manual de política concorda que nosso Estado é republicano e o sistema de governo é uma democracia representativa. Republicano porque entendemos que o exercício do poder é de ordem pública. Pertence à coletividade. Democrático porque permite a participação de seus membros enquanto cidadãos. Representativo porque as pessoas participam dos poderes executivo e legislativo através de representação.
Quando votamos, escolhemos alguém que nos representa numa Câmara de Vereadores e no gerenciamento das ações executivas. A lógica diz que temos que estar atentos e procurar quem melhor nos represente.
No entanto, a realidade é o reverso. Nós somos procurados por quem quer ter o poder de nos representar. Chamamos este processo de campanha. O candidato quer o poder de decidir em nosso nome. E nesta disputa, precisa levar o nosso voto. Nós, que dispomos o direito de votar, aceitamos negociar esta parcela de poder. Para muitos e muitas, literalmente um exercício de negociação. Troca por alguma vantagem já concedida ou em vias de acontecer.
Já o reverso do que está aí posto deveria ter a caracterização de eleitores buscando alguém que os represente. O eleitor e não o candidato deveria ser o protagonista da campanha convencendo os demais de que determinado candidato é a melhor opção de representatividade. E, claro, esta ideia de “melhor” parte do espaço e papel que exercemos na sociedade. Um renomado empresário bem sucedido terá dificuldades de representar os anseios de uma classe trabalhadora. Por mais que seja “bonzinho”, seus interesses são conflitivos. Assim como uma agricultora familiar consciente de seu espaço jamais se portará como representante do agronegócio. Interesses distintos.
Somos convencidos de que nosso poder é mera mercadoria num balcão de negócios.

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