Segundo o evangelista Lucas, Jesus, depois de ter iniciado seu longo caminho para Jerusalém, onde deveria dar glória a Deus com a sua vida, foi realizando milagres e gestos indicativos importantes para a futura Igreja, que deverá continuar a sua missão no mundo.
Chama 72 discípulos e os envia a pregar dois a dois, para que o seu testemunho seja válido segundo a Lei judaica. A missão não será fácil, por isso deve ser realizada na pobreza, sem reservas nem muitas provisões: “Ide, não leveis bolsa, nem mochila, nem calçado, e a ninguém saudeis pelo caminho.” A missão é urgente e nada poderá atrapalhá-la. O anúncio deve ser proposto, nunca imposto; o essencial é anunciar a proximidade do Reino.
Esse modelo de evangelização é sempre atual. Essa forma de ir, em duas ou mais pessoas, visitando famílias com a simples saudação: “A paz esteja nesta casa!”, produz efeitos positivos e pode desencadear uma conversa amistosa, onde o convite a seguir Cristo, o Príncipe da Paz, pode acender uma luz para o caminho a seguir.
Quando os discípulos regressam da visita, cheios de alegria, e constatam que: “Até os demônios se nos submetem por teu nome”, Jesus manifesta sua alegria, porque os discípulos venceram as forças do mal, e exorta-os a não se vangloriarem pelos feitos. O importante é ter o nome inscrito no livro da vida no céu, ou seja, participar do Reino de Deus e viver de acordo com as suas exigências. Outro motivo de alegria é que o Reino é revelado aos simples e humildes, no contato íntimo com Jesus e seu seguimento.
A constatação de Jesus diante do que vem pela frente: “Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários à sua messe” parece tão atual. Durante minha visita pastoral, as lamentações mais comuns que se ouvem são: a falta de ministros ordenados para oferecer mais oportunidades de celebração dos sacramentos para as comunidades; a falta de catequistas para a iniciação à vida cristã; a falta de casais para preparar os jovens para o matrimônio; a falta de lideranças para assumirem a coordenação nas comunidades…
Já estamos rezando pelas vocações, mas precisamos intensificar as nossas súplicas e, ao mesmo tempo, educar para a generosidade em todos os sentidos e para todas as vocações necessárias, a fim de servirmos sempre melhor nas nossas comunidades.
Dom Jaime Pedro Kohl – Diocese de Osório