A sociologia nos ensina que a vida em sociedade estabeleceu um passo significativo por ocasião da revolução agrícola que é o nome com o qual definimos o domínio consciente sobre a produção e armazenamento de alimentos, inclusive com a domesticação de animais. Daí em diante fomos complexificando nossas relações com o objetivo de simplificar a sobrevivência enquanto espécie.
Um dos quesitos foi a reprodução de aprendizados, não como um dado do instinto senão como uma ação pensada e inovadora. A arte do ensinar passou a ser um ofício destacado entre as tantas tarefas especializadas.
E assim como a produção e distribuição de alimentos passou a ser fator de domínio de uns sobre os outros, a produção e controle dos conhecimentos tornou-se um instrumento de dominação. A sociedade se transformou a partir do critério dos que sabem e não sabem. O “saber” tornou-se propriedade.
Nas sociedades modernas surgiu a preocupação para que este “bem” fosse também transformado em direito. Daí a decisão de tornar a educação um dever do Estado. E, para executar tal tarefa, um grupo de profissionais, detentores do saber, passou a ser contratado para distribuí-lo aos demais. Da mesma forma, as escolas foram instituídas para administrar o empreendimento. Mais como espaço do que tempo de aprendizados.
Tudo isso é ensinado, inclusive, como um processo que caracteriza a evolução qualitativa do viver. Simples e natural.
Mas eis que nos métodos de aprendizado, novas revoluções ainda podem acontecer e inverter o processo evolutivo.
Participei de um encontro que tinha por motivação a ideia de “Comunidade Educadora”. Um grupo que acredita no saber como processo coletivo e não como propriedade de uma instituição e seus “funcionários”. Ouvi pessoas representativas de entidades do território afirmarem que também são escola e que, por isso, não se trata de uma escola “normal”.
Comunidade Educadora
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