Lembro de um livro didático de filosofia que trazia elementos de compreensão com alguns conceitos básicos do nosso entendimento. Um deles refletia sobre a ideia de consciência. Um termo não incomum em nossas escritas e conversas. Por exemplo, com frequência ouvimos a ideia de que precisamos nos “conscientizar”. Ou então, não raro ouvimos emergir propostas de conscientização. Ou ainda aquela pergunta intimidadora: “tu tens consciência do que estás fazendo?”
E o que é consciência? O que significa ser uma pessoa consciente?
Neste livro, da Marilena Chauí, encontrei uma definição que me marcou. Algo mais ou menos assim: consciência é o ato de conhecer, saber que se conhece e saber que se sabe o que se conhece.
Parece complexo. Mas, ter consciência, de fato, não é algo tão simples.
Vamos para a “o dia da consciência negra”.
Simplificamos trazendo para mais próximo simbologias da cultura com seus traços linguísticos, culinários, religiosos ou folclóricos, dentre outros. Enfeitamos vitrines e escolas com estes elementos. Resgatamos memórias da cultura negra enquanto expressão de um povo. Identificamos personalidades marcantes. Estas, de forma mais comum, no esporte ou nas artes. Instâncias de menor poder institucionalizado. Alguns, mais ousados, abrem espaços para debates em seminários e rodas de conversas.
Passos importantes e até necessários para assumir atitudes de consciência.
Passados estes “dias” ou esta “semana”, como fica a consciência?
Aí percebemos a complexidade. Consciência não pode se resumir a uma semana ou a um punhado de atitudes. É algo mais profundo, como o conceito provoca.
É neste embalo que utilizamos a compreensão de que ainda estamos mergulhados num racismo estrutural que precisa ser rompido. Algo que vai para muito além de uma semana.
E consciência também é um elemento social. Exige construções e desconstruções. É um processo que precisa ser abraçado.