Entidade atua como elo entre forças de segurança e sociedade, apoiando ações preventivas, operacionais e estruturais no município.

O Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) de Torres completou 38 anos de atividades em 2025. Criado em 7 de dezembro de 1987, o conselho tornou-se uma peça-chave no suporte às forças de segurança pública do município, atuando na articulação entre sociedade civil, instituições policiais e os diferentes níveis de governo. Em entrevista à Rádio Maristela, o presidente da entidade, Paulo Benhur de Oliveira Costa, detalhou a história, as ações e os desafios atuais do órgão.
UM ELO ENTRE COMUNIDADE E SEGURANÇA
Desde sua fundação, o Consepro tem como missão facilitar a interlocução entre os órgãos de segurança e o poder público, além de apoiar ações que melhorem as condições de trabalho das corporações. O conselho, composto por lideranças locais, atua em caráter voluntário. “A função do Consepro é ser o facilitador, o intermediário da interlocução dos órgãos de segurança pública com os demais poderes”, afirma Paulo Benhur.
Ao longo de quase quatro décadas, o conselho apoiou programas como o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) e os Bombeiros Mirins, além de ações estruturais emergenciais como fornecimento de pneus, baterias e até ar-condicionado para viaturas e sedes operacionais. A atuação é especialmente importante quando há demora no atendimento por parte da administração pública.
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO PREVENTIVA
Para o presidente do Consepro, o foco deve ser a prevenção. “Defendemos como pauta permanente a atuação preventiva, para evitar que o mal maior ocorra, de forma a conceder às forças policiais uma vantagem estratégica sobre a atuação do crime”, explica. Ele reforça que o combate à criminalidade exige atualização constante, principalmente diante do avanço de ferramentas tecnológicas como as redes sociais e, mais recentemente, a inteligência artificial.
O conselho também acompanha e apoia iniciativas como o cercamento eletrônico e a implantação de sistemas de monitoramento inteligente. Paulo cita como exemplo sistemas que, por meio da IA, detectam automaticamente comportamentos suspeitos, como o gesto de uma pessoa levantando os braços na via pública. “Queremos que essa tecnologia chegue a Torres para melhorar a resposta das forças de segurança”, diz.
RECURSOS E PARCERIAS
O financiamento das ações do Consepro vem de doações de empresários, termos de ajuste de conduta firmados com o Ministério Público, apoio do Poder Judiciário e da Câmara de Vereadores, entre outras fontes. “Há uma conjugação de esforços para que a gente possa, no menor espaço de tempo possível, suprir as carências”, relata o presidente.
Os integrantes do conselho são convidados a participar e atuam de forma voluntária. Na sequência integram uma chapa e passam por um processo eleitoral. A estrutura organizacional conta com uma diretoria executiva — presidente, vice, secretário e tesoureiro — e um conselho fiscal. O mandato é de dois anos. Segundo Paulo Benhur, embora o trabalho exija dedicação, a motivação está em oferecer melhores condições de trabalho aos agentes e, consequentemente, mais segurança à população.
PARCERIAS INSTITUCIONAIS E EMENDAS IMPOSITIVAS

Nos últimos anos, o Consepro também passou a ser beneficiado por emendas impositivas da Câmara de Vereadores. Em 2024, foram aplicados cerca de R$ 500 mil em recursos oriundos dessas emendas, com aquisição de equipamentos para o Corpo de Bombeiros, armamento para a Brigada Militar e melhorias para a Polícia Civil.
O modelo é recente e exige ajustes, como destaca o presidente: “Estamos buscando a maneira mais eficiente e segura para a aplicação desses recursos”. Segundo ele, a Prefeitura, o Ministério Público, o Poder Judiciário e os demais órgãos municipais têm colaborado ativamente nesse processo.
TECNOLOGIA E NOVOS DESAFIOS
O avanço tecnológico impõe novos desafios à segurança pública. O Consepro entende que o uso de inteligência artificial deve ser aliado das forças de segurança, desde que usado com responsabilidade e respaldo legal. O objetivo, segundo Paulo Benhur, é antecipar ações e diminuir o tempo de resposta em ocorrências, aumentando a eficiência das operações.
Torres é considerada uma das cidades mais seguras do Litoral Norte e do Estado. Ainda assim, o presidente ressalta que a segurança pública só é lembrada na crise. “Quando tudo vai bem, a presença das forças policiais passa despercebida, mas são esses profissionais que garantem nossa tranquilidade”, afirma.
ATUAÇÃO SILENCIOSA, IMPACTO VISÍVEL
Apesar de sua atuação discreta, o impacto do Consepro é visível em Torres. Seja no suporte emergencial a veículos das corporações, na articulação de parcerias institucionais ou no apoio a projetos educacionais, a entidade atua de forma permanente e contínua.

Paulo Benhur finaliza a entrevista destacando o mérito dos profissionais da segurança. “O Consepro não precisa de luzes para atuar. Quem merece destaque são os agentes de segurança pública que colocam suas vidas em risco por todos nós”, diz. Ele também agradeceu o apoio da comunidade, destacando a importância da colaboração mútua para manter o nível de segurança atual.
SUPORTE EMERGENCIAL ALÉM DA BUROCRACIA
Um dos aspectos mais destacados na entrevista com o presidente do Consepro foi a agilidade da entidade em responder a demandas emergenciais dos órgãos de segurança. Enquanto a estrutura pública depende de licitações e processos administrativos que podem levar semanas ou meses, o conselho consegue agir em questão de horas ou dias.
“Se uma viatura está parada por falta de bateria, o Consepro atua para resolver essa demanda rapidamente. O mesmo vale para equipamentos como ar-condicionado, pneus e pequenos reparos que podem comprometer o trabalho diário das forças policiais”, explicou Paulo Benhur. Esse tipo de suporte garante que serviços essenciais não fiquem comprometidos por falta de recursos imediatos.
COMPROMETIMENTO VOLUNTÁRIO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
O trabalho do Consepro é feito com base no voluntariado. Seus membros, escolhidos por convite, são lideranças locais com disponibilidade e compromisso com a segurança da comunidade. “Nem sempre é fácil conciliar a vida profissional com as demandas do conselho, mas buscamos pessoas que estejam dispostas a contribuir com seu tempo e experiência”, ressaltou o presidente.
A estrutura interna é enxuta: uma diretoria executiva com quatro cargos principais e um conselho fiscal responsável por fiscalizar a aplicação dos recursos. Todos os integrantes atuam sem remuneração. Segundo Paulo, o reconhecimento pelo trabalho vem dos resultados percebidos pela população.
O sucesso do Consepro está diretamente ligado à articulação entre diferentes setores da sociedade. O conselho mantém diálogo constante com a Prefeitura, a Câmara de Vereadores, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Além disso, conta com o apoio de empresas locais, que colaboram por meio de doações diretas ou parcerias.
“Essa soma de esforços é o que permite que a gente atue com agilidade e eficiência. Quando todos os setores se unem em torno de um objetivo comum, os resultados aparecem”, pontuou Paulo Benhur. Um exemplo disso é a destinação de verbas via termos de ajuste de conduta, que permitem o financiamento de ações específicas de segurança.
NOVAS TECNOLOGIAS E FUTURO
A adoção de tecnologia é uma das principais frentes de trabalho do conselho para os próximos anos. O uso de sistemas de monitoramento com inteligência artificial já é uma realidade em outras cidades e começa a ser discutido em Torres. A ideia é que o município possa contar com cercamento eletrônico e câmeras inteligentes, capazes de identificar comportamentos suspeitos em tempo real.
“Hoje, a tecnologia pode reconhecer gestos, como o de alguém levantando os braços, e enviar alertas automáticos para as forças policiais. Isso reduz o tempo de resposta e aumenta as chances de evitar crimes ou prender os responsáveis rapidamente”, explicou o presidente. A implantação de um sistema desse tipo exigirá investimentos significativos, mas já está sendo debatida com o apoio de diversas entidades.
EMENDAS IMPOSITIVAS
Desde que as emendas impositivas passaram a ser implementadas no município, o Consepro tem se beneficiado de recursos importantes para ampliar sua atuação. Em 2024, cerca de R$ 500 mil foram repassados ao conselho, viabilizando a compra de equipamentos e a estruturação de unidades operacionais das polícias civil e militar, além dos bombeiros.
Essa nova forma de financiamento tem potencial para transformar a maneira como os recursos são destinados à segurança pública, desde que haja planejamento e execução eficiente. “É um processo novo, mas estamos encontrando formas seguras e eficazes de aplicar os valores”, explicou Paulo, que ressaltou ainda a busca por apoio técnico junto à Secretaria Estadual de Segurança Pública.
TORRES COMO REFERÊNCIA EM SEGURANÇA NO LITORAL NORTE
Apesar dos desafios, Torres é considerada uma das cidades mais seguras do Litoral Norte e do estado do Rio Grande do Sul. Esse reconhecimento, segundo o presidente do Consepro, é fruto de um esforço coletivo das forças policiais, da comunidade e do próprio conselho, que atua para manter condições adequadas de trabalho e suporte constante.
“A segurança é algo que só lembramos quando falta. Por isso, nosso trabalho é silencioso, mas constante. Estamos sempre atentos às necessidades e dispostos a agir rapidamente para manter esse nível de tranquilidade que a população de Torres conhece”, afirmou.
RECONHECIMENTO AOS AGENTES DE SEGURANÇA
Ao final da entrevista, Paulo Benhur fez questão de destacar o papel dos profissionais que atuam na linha de frente da segurança pública. Para ele, são esses agentes que merecem todo o reconhecimento. “Brigada Militar, Polícia Civil, Bombeiros, Polícia Penal, Rodoviária, Ambiental… são pessoas que deixam suas famílias para garantir a proteção de outras. Nosso papel é dar o suporte que eles precisam para que possam atuar com segurança e eficiência”, disse.
O presidente também reforçou que o Consepro continuará atuando de forma discreta, mas determinada, mantendo a missão de colaborar com todos os setores envolvidos na manutenção da ordem pública. “Não precisamos de luzes. O mérito é dos agentes. Nós apenas somamos esforços para que eles tenham as condições adequadas de trabalho.”