Documento protocolado cobra explicações sobre proposta de extinção da Secretaria de Cultura e alerta para retrocessos em políticas públicas no setor.
Uma carta aberta protocolada no dia 7 de julho de 2025 na Câmara de Vereadores e na Prefeitura de Torres está mobilizando o setor cultural e acendendo o alerta sobre os rumos da política cultural no município. O documento, assinado pelo Fórum Livre e Permanente de Cultura de Torres, composto por representantes das áreas de música, artesanato, literatura, teatro, artes visuais e patrimônio histórico, denuncia o desmonte da estrutura organizacional da cultura local e a iminente extinção da Secretaria Municipal de Cultura.
Segundo o grupo, a proposta da atual gestão municipal é fundir a Secretaria de Cultura à pasta de Turismo, rebaixando-a ao status de departamento, medida que, conforme os agentes culturais, representa um grave retrocesso e ameaça a continuidade de programas e ações fundamentais para o setor.
ALERTA DE RETROCESSO
Na carta, os integrantes do Fórum expressam “profundo descontentamento com o desmonte da estrutura organizacional e das políticas culturais no município”. O grupo aponta que não houve qualquer consulta à sociedade civil ou estudo prévio que justificasse a proposta de reorganização da pasta.
A crítica central é à forma como o processo está sendo conduzido. Sem diálogo institucional e sem planejamento, a mudança, segundo o Fórum, ignora a complexidade da gestão cultural e desrespeita o protagonismo da comunidade artística local.
EQUIPAMENTOS PARALISADOS
Além da questão administrativa, a carta denuncia a paralisação de equipamentos e espaços culturais históricos. Entre eles, o Museu de Torres, a Casa nº 1, o monumento Salva-vidas, o abrigo da Praia Grande, o Solar dos Müller e a Escola Cenecista.
Segundo o grupo, a ausência de diretrizes claras sobre a nova estrutura prejudica ações básicas da Secretaria, impacta a execução de projetos e desmotiva os agentes culturais que atuam no município. O documento menciona, ainda, a falta de servidores na Secretaria de Cultura e a inatividade dos conselhos municipais de Cultura e do COMPHAC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural).
FALTA DE DIÁLOGO E INSEGURANÇA
A insatisfação expressa na carta aberta também passa pela percepção de falta de escuta por parte do poder público. Para os membros do Fórum, a atual gestão ignora a função estratégica da cultura na vida da cidade e na formação cidadã de seus habitantes.
O cenário de incerteza, segundo o Fórum, tem gerado insegurança entre os produtores culturais e interrompido ações que antes tinham continuidade, como oficinas, exposições e atividades comunitárias.
COBRANÇA POR RESPOSTA OFICIAL
A carta finaliza com um apelo para que a administração municipal reveja a proposta de reestruturação e convoque a sociedade civil para um amplo debate sobre os rumos da cultura na cidade. O Fórum afirma que aguarda um posicionamento do Executivo e da Câmara de Vereadores.
“Esperamos uma resposta institucional à altura da gravidade dessa situação. Queremos diálogo e políticas públicas que valorizem o fazer cultural em Torres”, conclui o documento.
Até o momento, não houve manifestação oficial da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Cultura e Desporto sobre o conteúdo da carta.
FOTO: LÉO SELAU