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Jornada Mundial dos Pobres

por Nicole Corrêa Roese

Os cristãos e cristãs estão convidados a vivenciar ao longo da semana, especialmente neste domingo, o Dia Mundial dos Pobres. Trata-se de uma iniciativa do Papa Francisco em 2017 estabelecendo um domingo de novembro, dentro do tempo litúrgico, para experimentar, através da oração, do estudo e de ações concretas, o compromisso evangélico com os pobres.

É algo novo e ainda desconhecido de muitos e muitas. E também, algo esquisito.

Estamos habituados a conviver com datas comemorativas ao longo do ano. E soa estranho imaginar uma data para “comemorar” os pobres.

Revisando documentos e material de divulgação desta data, é possível logo identificar que não se trata de uma exaltação da pobreza ou miséria. O foco é a pessoa do pobre como instrumento privilegiado para compreensão do amor de Deus. 

Na perspectiva teológica, não é uma condição da revelação. Deus não necessita da pobreza ou do pobre para se revelar. Até porque a origem da pobreza é humana, resultado de estruturas sociais e não vontade de Deus.

É comum que analisemos esta realidade do ponto de vista meritocrático que atribui à pessoa do pobre esta sua condição. O entendimento predominante é o de que “só é pobre quem não se esforça para sair da situação”. E a consequência é uma atitude social de isolamento e exclusão.

O que a Igreja Católica Romana propõe, em seus documentos, é uma conversão no olhar e entendimento. Não como novidade. É resgate de suas origens bíblicas e evangélicas. O Deus dos cristãos é um Deus que se revela na condição e a partir dos pobres porque é nestas circunstâncias que o amor se manifesta de forma mais clara. É quando a vida está oprimida e ameaçada que o Deus da vida se faz presente como esperança e provocação.

Entendo que o desafio maior não é estabelecer atitudes de solidariedade para com os pobres mas a atitude de entendimento do pobre a partir das estruturas que o reproduzem. E o caminho indicado é aproximar-se dos pobres para compreender “seu mundo”.