Não é nenhuma novidade a afirmação de que o futebol é uma identidade cultural e um dos entretenimentos mais frequentados pelos brasileiros. Não me refiro apenas aos campeonatos em nível nacional ou estadual. Temos também campeonatos municipais que movimentam muitas pessoas de comunidades e bairros. Além daquele joguinho semanal entre amigos.
Não sei se alguém já fez a conta de quantas pessoas no Brasil estão envolvidas semanalmente com o futebol, contabilizando todos os espaços onde se joga e se assiste futebol. Com certeza, dezenas de milhões.
Imagine um evento em que todas as pessoas residentes em Torres saiam de suas casas e se encontrem num único local. Pois alguns estádios reúnem semanalmente algo equivalente a isso. Ou cinco municípios do porte de Três Cachoeiras.
E cá estamos nós numa semana decisiva do maior campeonato nacional de futebol. Foram longos meses de disputas que geraram os mais variados comentários e “gozações”. Porque o mundo do futebol é um espaço simbólico de diversão e também enfrentamentos. Um espaço de identidades que competem e disputam visibilidade. E, porque não, um espaço de poder.
Não é só na política e na economia que se disputam poderes. Ou então, o futebol é um espaço simbólico de disputas políticas. No campo econômico, não só simbólico. Uma disputa real em que a apropriação de capital faz a diferença. A regra não é “ganha quem joga melhor” e sim joga melhor quem ganha mais.
Assim como na vida social real, a regra de jogo também é resultado de interpretações. Iludiu-se quem imaginou que o “VAR” se transformaria no símbolo da justiça nos campos. Ouvi recentemente que as últimas orientações dão conta de que este instrumento de análise deve interferir o mínimo possível. Não funcionou. Assim como o sistema oficial de justiça também não funciona muitas vezes.
Na antiga Grécia, os jogos que aconteciam no monte Olimpo era uma alternativa de disputa entre as cidades e seus deuses poupando vidas. Ao invés de mortes, honrarias. Aos vencedores a honra da conquista. Aos derrotados, a desonra que muitas vezes se equivalia a morte, sem morrer.
É no futebol que nós brincamos de ganhar e perder. Até mesmo o empate é vitória para um dos lados. E é a possibilidade de sentir a experiência de ganhar até mesmo para quem, na vida, sempre está por baixo, sem grandes perspectivas.
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