Dia da Pátria, dia do País ou dia de uma Nação?
Dia em que recordamos a proclamação da independência. Uma data simbólica. Tão simbólica que não encontra uma referência histórica objetiva.
Sabe-se da indignação do príncipe Pedro expressa no dia 07 de setembro de 1822. Mas a decisão oficial da independência aconteceu no dia 12 de outubro daquele ano, instituindo aí o Império do Brasil. E todo o império precisa de um rei, que só foi coroado em dezembro.
O fato é que, naqueles últimos meses de 1822, teve desfecho um processo que já se estendia por anos com diversas revoltas regionais e a consolidação de uma elite brasileira a partir da chegada da família real portuguesa em 1808.
Hoje somos um país administrado por um modelo de estado federativo e republicano. Federativo porque é a unidade de um conjunto de estados ou unidades da federação, cada qual preservando suas próprias tradições e particularidades.
Quanto a nós, somos brasileiros, mas gaúchos. Tanto que já emendamos as comemorações com as atividades e a Semana Farroupilha. Da mesma forma, cariocas, nordestinos ou nortistas também são brasileiros. Mas não gaúchos!
Pertencentes a um mesmo território, comunicando-nos a partir de uma língua oficial comum mas sob a orientação de muitas particularidades culturais.
Em busca de um elemento simbolicamente comum, possivelmente nos deparamos com a bandeira. É ela que aparece como referência, seja em eventos políticos oficiais ou em comemorações esportivas. Ergue-la em punho ou cobrir os ombros é uma manifestação de pertença coletiva, para além das diferenças e divergências. Mas eis que passamos por uma crise de identidade. As cores e o símbolo maior do país deixaram de ser uma representação de coletividade. Apropriada nas mãos de alguns que partidariamente se afirmam os verdadeiros patriotas, passou a ser evitada por outros. Vemos amantes do verde-amarelo ironicamente se sentirem representados pelas cores e símbolos dos EUA ou de Israel.
Não, definitivamente, bandeira não é mais nosso símbolo coletivo.
Precisamos reinventar nosso patriotismo. Porque ser patriota não é ser membro de uma nação ou país. É muito mais. É alimentar um sentimento de pertença que se constroi pelas pautas das boas relações e não do ódio e exclusão do diferente.
Patriotismo
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