Home Dia dos pais“Sou pai. E não importa quantos filhos eu tenha nos braços ou no coração, todos eles fazem quem eu sou”, afirma Roberto Schardosim Vargas

“Sou pai. E não importa quantos filhos eu tenha nos braços ou no coração, todos eles fazem quem eu sou”, afirma Roberto Schardosim Vargas

por Melissa Maciel

Neste Dia dos Pais (10), conversamos com Roberto Schardosim Vargas, 42 anos, empresário e morador de Torres, casado com Andressa Hahn. Neste ano, ele vive uma data muito especial: seu primeiro Dia dos Pais com o filho Artur nos braços. Mas o caminho até aqui foi de muita entrega, espera e superação. Antes do nascimento do bebê, Roberto e a esposa enfrentaram perdas gestacionais que exigiram coragem, fé e resiliência. Agora, com a chegada de Artur, a vida ganhou um novo sentido. Nesta entrevista no formato “pingue-pongue”, Roberto compartilha suas reflexões, emoções e a experiência de se tornar pai.

O SONHO DA PATERNIDADE

Jornal do Mar (JM): Como foi receber a notícia da gravidez que resultou no nascimento de Artur?

Roberto (Pai): O sonho de ser pai sempre fez parte de mim. Quando recebi a notícia da gestação que resultaria no nascimento do Artur, meu coração se encheu de uma alegria contida. Depois de nossas perdas, aprendi a não comemorar com estardalhaço, mas a agradecer e viver cada momento. Era uma nova chance, e cada dia vivido com ele ainda no ventre era uma vitória.

JM: Antes dessa gestação, você e sua esposa enfrentaram perdas. Como lidaram com isso emocionalmente?

Pai: Antes de Artur, minha esposa e eu enfrentamos as dores mais profundas que alguém pode imaginar. Perdemos filhos que já amávamos, que já tinham nomes, histórias sonhadas, quartos preparados. Vimos nossos braços vazios e nosso peito transbordando de amor sem destino. Foram dias escuros, em que a única luz vinha do amor que sustentava nossa união e dos amigos que compartilhavam o nosso fardo. Enfrentamos o luto de mãos dadas, buscando ajuda emocional, conversando, orando. Sobrevivemos porque acreditamos que ainda havia um propósito.

JM: O que mais te marcou nesse processo de superação?

Pai: O que mais me marcou foi o quanto cresceu o meu amor, respeito e admiração pela pessoa que está ao meu lado. Um amor que não desiste, mesmo depois de ver dois caixões tão pequenos partirem. Um amor que escolhe continuar acreditando, mesmo com o coração em pedaços. Ver minha esposa se levantar tantas vezes me deu forças para seguir também. Foi nesse amor que renascemos. E então, Artur chegou.

O NASCIMENTO DE UM PAI

JM: O que mudou em você desde que seu filho nasceu?

Pai: Desde que ele nasceu, tudo mudou em mim. Tornei-me um homem mais sensível, mais grato, mais presente.

JM: Qual foi o primeiro pensamento que teve ao segurar seu filho nos braços pela primeira vez?

Pai: Segurar meu filho nos braços pela primeira vez foi como tocar um milagre. Olhei para ele e pensei: “Você chegou, meu filho. Valeu cada lágrima.” Era como se todos os nossos filhos estivessem ali, naqueles olhos brilhantes, naquele primeiro choro que ecoou como um canto de vitória.

JM: Ser pai é…

Pai: Ser pai, para mim, é amar incondicionalmente, mesmo antes de conhecer. É carregar uma bagagem de dores e, ainda assim, abrir espaço para um novo começo. É proteger, ensinar, aprender, se doar — e fazer tudo isso com o coração inteiro.

RESIGNIFICAR A VIDA

JM: Como você enxerga hoje toda a trajetória até a chegada do seu filho?
Pai: Hoje, ao olhar para trás, vejo toda a nossa trajetória até a chegada do Artur como um caminho de lapidação. Duro, sim, mas cheio de fé, amor e coragem.

JM: A experiência da perda influenciou a forma como você vive a paternidade?
Pai: As perdas mudaram minha forma de viver a paternidade. Ensinaram-me a valorizar o agora, a celebrar cada sorriso, cada olhar, cada madrugada em claro. Tudo tem sentido quando você já conheceu o vazio.

JM: Existe algo que você faz questão de transmitir ao seu filho desde já?
Pai: Faço questão de ensinar ao Artur, desde já, que ele é profundamente amado. Que chegou em um lar que lutou muito para tê-lo. Quero que ele cresça sabendo o que é empatia, resiliência, respeito — valores que nasceram conosco no meio da dor.

MENSAGEM AOS PAIS

JM: O que você diria aos pais que estão vivendo o primeiro Dia dos Pais?
Pai: Aos pais que estão vivendo seu primeiro Dia dos Pais: agradeçam, aproveitem cada instante. Ser pai é um presente, e a infância passa depressa. Sejam presentes. Sejam amor.

JM: E aos pais que enfrentaram ou enfrentam perdas gestacionais, como você enfrentou?

Pai: Aos pais que enfrentam ou enfrentaram perdas gestacionais como eu, deixo um abraço fraterno. A dor é real. O luto é legítimo. A paternidade começa no amor, e isso ninguém pode tirar de vocês. Permitam-se sentir, falar, chorar, lembrar. E, se ainda houver um sopro de esperança, não deixem de tentar. Às vezes, o milagre vem depois da tempestade. E vale muito a pena.

JM: Por fim, como você vai celebrar este seu primeiro Dia dos Pais?
Pai: Neste primeiro Dia dos Pais, celebro com o coração cheio. Ao lado da minha esposa, do Artur e de toda a família. Lembro com amor de Heitor e Pedro, que continuam vivos em nós. Não há presente maior do que poder dizer: “Sou pai”. E não importa quantos filhos eu tenha nos braços ou no coração, todos eles fazem quem eu sou. Hoje, celebro com gratidão, com saudade e com amor. Celebro todos os filhos que passaram por nós e o que ficou de cada um: fé, força e um amor que jamais será esquecido.