Home EspecialTorres passa de 400 casos de dengue e lidera lista no Litoral Norte

Torres passa de 400 casos de dengue e lidera lista no Litoral Norte

por Nicole Corrêa Roese

A mais bela praia gaúcha tem quase o dobro de casos do que o segundo lugar, Tramandaí

Foto: Léo Selau | Município de Torres é o primeiro do ranking em casos de dengue no Litoral Norte

O mês de maio foi marcado pela maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul. Quase 200 vidas foram perdidas e muitas pessoas seguem desaparecidas. A luta pela vida se tornou a principal foco em terras gaúchas, até mesmo em cidade que não foram atingidas pelas enchentes. Porém, a luta diária pela vida, deixou de lado alguns assuntos importantes, como a luta contra a proliferação da dengue.

No Litoral Norte gaúcho, a cidade com mais casos é Torres, que ultrapassa os 400.  Em segundo lugar vem a “Capital das Praias”, Tramandaí, com a metade dos casos.

São cerca de 90 km entre as duas cidades, em média 1h20min de carro ou de moto o trajeto entre elas. Mas a grande pergunta é porque há uma diferença tão grande entre esses dois municípios nos casos da doença.

TORRES

O Diretor de Vigilância em Saúde, biólogo Lasier França, mesmo de férias, atendeu a reportagem da Rádio Maristela e do Jornal do Mar e disse que não poderia dizer o porque dessa diferença de casos entre os municípios, visto que não vive a realidade de Tramandaí. Ainda segundo França, são inúmeros fatores que podem influenciar os números do município, pois pode ser que Tramandaí teste menos que Torres, as pessoas em Tramandaí podem procurar menos as unidades de saúde, Torres pode estar com um número ainda maior de casos, mas as pessoas não estarem procurando, mas são todas suposições, não se pode afirmar.

França ainda salienta as campanhas que estão sendo realizadas na cidade para combater a proliferação do mosquito.

“Estão sendo realizadas as visitas as residências, atendimento a denúncias, visita e vistorias em prédios, entre outras ações que fazem parte da nossa rotina de trabalho”, afirma França.

LITORAL NORTE

O coordenador da 18ª Coordenadoria Regional de Salude, Robson Bobsin Baren, destaca que houve uma diminuição de casos na região.

“Chegamos a ter em torno de 200 casos por semana no litoral. Agora a gente está em torno de 25 a 30 e essa tendência de queda. Isso não diminui a nossa preocupação porque o inverno também vai passar. Esse momento de queda também vai passar. Então a gente vem desenvolvendo várias ações junto aos municípios. É claro que todas as ações elas são importantíssimas, elas ajudam muito, mas tem alguns fatores que são imprescindíveis. Como por exemplo o clima, no último ano nós tivemos um clima bem seco e isso também fez com que não teve muita incidência do vetor. Já nesse esse último ano agora a gente teve um clima bem úmido e quente, o que facilitou bastante a procriação do mosquito” diz Baren.

Entre a diferença que há de casos entre um município e outro, Baren destaca a realidade de cada cidade.

“A realidade de cada município é diferente de um do outro em vários fatores. As equipes, claro que a gente podendo reforçar elas, existe essa necessidade de um modo geral. Mas a gente também entende a realidade de cada município, porque a gente olhando num contexto geral. Para que ela possa desenvolver uma boa ação, que ela possa instruir aquele cidadão também lá onde ela vai estar atuando no combate. Então a gente faz diversas ações. A população do modo geral tem aceitação boa também porque hoje a gente sabe que as pessoas são muito desconfiadas e até tem que ser porque aparece muito golpe, muitas pessoas às vezes nas casas se fazendo de uma coisa em outra. Certamente é uma dificuldade essa de às vezes de receber os agentes. A gente sempre tenta fazer essa conscientização. Os municípios também fazem bastante campanhas educativas nas escolas para que possa receber esse agente, para que possa ajudar o desenvolvimento dessas ações”, ressalta Baren.

Conforme o painel da dengue do governo do Estado, na manhã da última quinta-feira (13), a cidade de Torres tinha 442 casos confirmados de dengue, seguido de Tramandaí com 254, Capão da Canoa com 245, Imbé com 238 e Santo Antônio da Patrulha com 133 casos, fechando a lista dos cinco municípios com mais casos no Litoral Norte.

ESTADO

A Secretaria da Saúde (SES) publicou, no mês de abril, uma nota informativa sobre o perfil dos óbitos por dengue no Rio Grande do Sul. Os dados, compilados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), apontam recomendações à população e aos profissionais de saúde sobre uma maior atenção aos sintomas e ao tratamento previsto nos protocolos.

Foram utilizadas na análise as notificações dos primeiros 73 óbitos pela doença no ano. “Este número é inédito no Rio Grande do Sul, sendo o maior que já tivemos no mesmo ano. Ultrapassa 2022, quando tivemos 66 mortes por conta da doença. A avaliação desses 73 óbitos mostrou a questão da importância da idade. Os nossos óbitos acontecem mais na população acima de 60 anos, como um fator biológico importante”, apontou o diretor-adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro. Entre as mortes descritas na avaliação, 73% delas ocorreram entre pessoas com 60 anos ou mais.

A nota informativa também descreve quais são os principais sinais de alerta da doença, ou seja, aqueles quadros que indicam que a doença está ficando mais grave, estando a pessoa já internada ou não.

Entre os óbitos, os mais comuns foram a plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) e a hipotensão postural e ou lipotimia (sensação de tontura, decaimento, desmaio), presentes em 53% e 47%, respectivamente. Também foram apontados no relato dor abdominal intensa (34%) e letargia ou irritabilidade (32%).

Foto: JAMES GATHANY/CDC | Em caso de sintomas da doença, procure imediatamente uma unidade de saúde

Para os casos que evoluíram para dengue grave, os sinais e sintomas mais frequentes foram pulso débil ou indetectável (49%), extremidades frias (48%), taquicardia (42%) e hipotensão arterial (42%). A dengue grave é caracterizada pelos quadros que apresentam choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma, sangramento grave ou comprometimento grave de órgãos do sistema nervoso central (alteração da consciência), do coração (miocardite), dano hepático importante e outros.

A análise demonstra que os pacientes procuram em média, ao menos, duas vezes por atendimento até a internação ou suspeição de dengue. Esses pacientes demoram cerca de 2,6 dias após o início dos sintomas para procurar o primeiro atendimento e, após, cerca de 4,4 dias até ocorrer a hospitalização. Os óbitos acontecem em média 8,3 dias após o início dos primeiros sintomas.

Entre as pessoas que vieram a óbito, 50 (dos 73 óbitos) buscaram o primeiro atendimento em hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

PREVENÇÃO

Os principais sintomas são febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias; Dor retro-orbital (atrás dos olhos); Dor de cabeça; Dor no corpo; Dor nas articulações; Mal-estar geral; Náusea; Vômito; Diarreia; Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira.

Foto: ARQUIVO/PALÁCIO PIRATINI | Pneus são um dos principais acumuladores de água, colaborando na proliferação do mosquito

Medidas de prevenção à proliferação e circulação do Aedes aegypti, como a limpeza e revisão das áreas interna e externa de residências e apartamentos, além da eliminação dos objetos com água parada, são ações que impedem o mosquito de nascer, cortando o ciclo de vida na fase aquática. O uso de repelente também é recomendado para maior proteção individual contra o Aedes.