Um exilado entre os exilados

Neste ano, para os encontros do mês da Bíblia, a CNBB nos propõe cinco reflexões sobre o Livro de Ezequiel, que o apresenta como profeta da esperança. Ele é chamado por Deus a viver como exilado entre os exilados, experimentando as angústias do exílio e comunicando a todo o povo, com fidelidade, a Palavra do Senhor.
Sua missão é, antes de tudo, o anúncio da esperança para aquele povo que andava desanimado e sentia-se abandonado por Deus. Ele faz isso relembrando as maravilhas que o Senhor já fez por Israel e convidando-o a firmar sua esperança novamente no Deus da Vida.
Uma das imagens que usa para expressar sua profecia é a da sentinela, porta-voz da Palavra de Deus. Seu anúncio tem o poder de garantir a vida e a segurança, mas seu descuido pode trazer a morte. Ele é aquele que possui a sabedoria para ler os sinais de Deus no mundo e anunciá-los ao seu povo.
Hoje, é nossa responsabilidade anunciar a Palavra de Deus nas situações de desesperança, perdas, conflitos e dor. Também é nosso dever prestar atenção e ouvir os direcionamentos dos irmãos e irmãs que são sentinelas de nosso tempo. Temos a atenção e o cuidado de ver e ouvir os convites de Deus?
Ezequiel, em meio às dores do exílio, anuncia ao povo um novo tempo: um tempo de paz e alegria, de segurança e tranquilidade. Esse é o tempo que, confiantes, eles esperavam. Ele anuncia a chegada de um Pastor verdadeiro que apascentará o povo e garantirá sua paz e proteção. Essa é a promessa de libertação que eles viviam em terra estrangeira e escravizados.
Nós reconhecemos esse Pastor verdadeiro em Jesus Cristo, aquele que, com a oferta de sua própria vida, garantiu que pudéssemos esperar a Pátria definitiva, onde estaremos seguros e em paz. Já aqui, quando vivemos a fé de maneira profunda e autêntica em comunidade, podemos experimentar essa paz. Temos a capacidade de viver como exilados entre os exilados de hoje, como condição para vivermos a profecia confiada por Deus e levar esperança e alegria a todos que sofrem exclusão e exílio?