Home SegurançaBombeiros de Torres orientam sobre o novo procedimento para salvar vidas em casos de engasgo

Bombeiros de Torres orientam sobre o novo procedimento para salvar vidas em casos de engasgo

por Melissa Maciel

O Corpo de Bombeiros Militar de Torres está entre os primeiros do Estado a adotar a nova recomendação internacional para a manobra de desobstrução das vias aéreas, antes conhecida como manobra de Heimlich e agora chamada de manobra de compressão abdominal.

O sargento Marcelo França, referência em educação preventiva e formação de bombeiros mirins, explicou em entrevista à Rádio Maristela, nesta terça-feira (11), as principais mudanças e como qualquer pessoa pode agir corretamente diante de um engasgo.

“A atualização foi feita porque a técnica anterior podia causar lesões, especialmente em crianças e bebês. Agora usamos a região hipotenar da mão, aquela parte mais próxima do punho, no lugar dos dois dedos, garantindo uma compressão mais eficaz e segura”, explicou o sargento França.

A mudança segue o novo protocolo da American Heart Association (AHA) e define medidas distintas para bebês, crianças e adultos. A seguir, o passo a passo detalhado para cada situação:

EM BEBÊS (ATÉ 1 ANO DE IDADE)

1. Verifique se há tosse ou choro. Se o bebê estiver tossindo, estimule a tosse, é o primeiro mecanismo de defesa do corpo.

2. Se não conseguir tossir ou respirar:

– Posicione o bebê de bruços sobre o seu antebraço, com a cabeça ligeiramente mais baixa que o tronco.

– Aplique 5 tapas firmes entre as escápulas (nas costas, entre os ombros).

Se o corpo estranho não sair:

– Vire o bebê de barriga para cima, apoiando-o no antebraço.

– Faça 5 compressões torácicas com a região hipotenar da mão (não com os dedos),

no centro do tórax, na linha dos mamilos.

– A compressão deve afundar o tórax de 3 a 4 centímetros.

“A profundidade correta é essencial para liberar a via aérea. O uso da mão garante mais controle e força, sem o risco de fraturas ou danos”, destacou França.

EM CRIANÇAS (DE 1 A 8 ANOS)

1. Estimule a tosse.

2. Se a criança não conseguir tossir, aplique 5 tapas entre as escápulas.

3. Caso o objeto não saia, posicione-se atrás da criança e faça a compressão abdominal:

-Coloque o punho fechado logo acima do umbigo e abaixo do osso do peito.

-Segure o punho com a outra mão e faça movimentos rápidos “para dentro e para cima” (em forma de J).

“Nas crianças, o cuidado é não aplicar força excessiva. O ideal é que o socorrista esteja ajoelhado ou na altura da criança para ter melhor controle”, orientou o sargento.

EM ADULTOS

1. Peça que tossam com força.

2. Se não conseguirem respirar, tossir ou falar:

-Dê 5 tapas interescapulares (entre as costas).

-Se o bloqueio persistir, posicione-se atrás e aplique a compressão abdominal com as mãos sobrepostas, na região entre o umbigo e o esterno.

-Faça movimentos rápidos em “J”, empurrando o ar preso para cima.

“É raro não obter êxito quando o procedimento é seguido nessa sequência. A combinação de tosse estimulada, tapas e compressão costuma resolver o caso”, garantiu França.

E se você estiver sozinho e engasgar?

O sargento alerta que também é possível fazer a manobra em si mesmo:

-Apoie o abdômen no encosto de uma cadeira ou na borda de uma mesa.

-Pressione a parte logo acima do umbigo para dentro e para cima com força, simulando a compressão.

-Repita até conseguir tossir ou expelir o objeto.

“Essa técnica já salvou muitas pessoas sozinhas em casa. É simples e pode ser a diferença entre a vida e a morte”, reforçou o bombeiro.

O sargento França encerrou o alerta reforçando a importância da informação preventiva. “Quanto mais gente souber fazer a manobra, mais vidas serão salvas. Já tivemos casos de crianças que salvaram irmãos em casa porque aprenderam o que fazer. Por isso, é fundamental que escolas, empresas e famílias aprendam e pratiquem essas orientações.”

O Corpo de Bombeiros Militar de Torres segue promovendo ações educativas e treinamentos gratuitos em escolas e espaços comunitários. Em caso de emergência, ligue 193 imediatamente.

Confira a íntegra da entrevista: