Lideranças da região tentam colocar a estrutura de Torres como apoio ao Aeroporto Salgado Filho, fechado até metade de dezembro.

No sábado (01) o Ministro de Estado da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, esteve em Torres, reunido com lideranças do Litoral Norte, que colocaram o Aeroporto Regional de Torres como uma alternativa ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, que deve ficar interditado até a metade de dezembro, devido a enchentes.
O Aeroporto de Torres é administrado pelo Governo do Rio Grande do Sul, através do Departamento Aeroportuário da Secretaria de Logística e Transportes (Selt) e precisaria de algumas melhorias para que possa receber voos comerciais.
HISTÓRIA
De acordo com o governo do Estado, O Aeroporto Regional de Torres, localizado no Município de mesmo nome, possui pista pavimentada de 1507 x 30m, com capacidade de suporte para aeronaves jato Boeing 737-500 e A319. O pátio de estacionamento de aeronaves tem área de 9600 m2 e capacidade de estacionamento de 2 aeronaves código 3C (B737-500).
O aeroporto foi construído e aberto ao tráfego em 1998 com o propósito de servir essencialmente aos turistas argentinos e voos charter, o que efetivamente, nunca aconteceu, apesar da região ser um dos destinos preferidos. Em 2011, instalou-se no local a Realizar Escola de Aviação Civil.

Entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, o aeroporto chegou a receber voos da Azul Conecta, operando com aeronave Cessna 208 – Caravan, com capacidade de 9 passageiros.
A infraestrutura tem operação visual (VFR) Diurna e Noturna.
PROPOSTA
O movimento pelo Aeroporto Regional de Torres foi desencadeado pelo Fórum Empresarial de Torres em parceria com o SINSUCON RS – Secional Litoral, que buscou apoio na Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte) para que a estrutura seja uma alternativa ao Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre, que segue interditado devido as enchentes no Estado.
A reunião teve grande participação de Lideranças Empresariais e Políticas, tanto regional, quanto do Estado
Após a comitiva do Ministro ser recepcionada, todos foram até a área de estacionamento das aeronaves, de onde se tem a visão da pista de decolagem. Logo em seguida iniciou-se a apresentação das estruturas e capacidades instaladas, dentre vários equipamentos disponíveis, bem como os instrumentos que serão necessários para que a operação possa ser tecnicamente liberada e autorizada pelos órgãos de regulação.
Durante a reunião foi citado por empresários que o Aeroporto de Torres tem uma pista 300 metros maior do que a do Aeroporto Santos Dumont, do Rio de Janeiro, e que aqui, também, não temos o problema com neblina, que Caxias enfrenta, por exemplo. Na oportunidade, Pimenta disse que o Aeroporto Regional deveria ser chamado de Aeroporto do Litoral Norte. Novas reuniões deverão ocorrer para tratar do assunto e outras autoridades de Brasília virão a Torres conhecer o aeroporto local. A vinda do Ministro criou expectativas entre lideranças presentes, visto que o tempo de espera, talvez até dezembro deste ano e os custos altos pra recuperar o Salgado Filho, possam justificar os investimentos necessários para o Aeroporto Regional de Torres funcionar muito em breve.
Em sua fala, Pimenta salientou o potencial da região e colocará uma pessoa para cuidar deste tema a partir da segunda-feira (03).
“Fiquei impressionado com o que vi aqui hoje. Vocês (lideranças da região) estão unidos em prol desta causa e a região tem um grande potencial, principalmente o turístico. Com o porto, que é outro grande empreendimento que vai atender a região, este aeroporto que não devemos mais chamar de aeroporto de Torres e sim de aeroporto do Litoral Norte e eu me comprometo em estar empenhado junto com vocês. Já na segunda-feira vamos colocar uma pessoa para cuidar deste assunto”, disse Pimenta.
No momento desta fala, o ministro foi aplaudido por quem acompanhava a entrevista coletiva no saguão do aeroporto.
MELHORIAS

De acordo com Felipe Schneider Nunes, bacharel em Ciências Aeronáuticas, com Pós-Graduação em Segurança de Voo e Direito Aeronáutico; MBA em Gestão da Qualidade, atuante da aérea desde 2011 e Gestor Responsável e coordenador de curso de Aviação Civil de uma escola de Torres, para o Aeroporto de Torres poder operar voos comerciais que com as aeronaves que comumente a linha utiliza seria necessário algumas melhorias e instalações de alguns itens.
Restrições de infraestrutura mínima:
– Caminhão especial dos bombeiros para combate a incêndio em aeroportos pois eles precisam ter espuma, bem como bombeiros com o curso de treinamento em combate em incêndio em aeroportos pois hoje o aeroporto mão possui brigada contra incêndio (CAT FIRE);
– Aferição dos procedimentos antigos e publicação dos procedimentos de pouso e decolagem por instrumento pois hoje o aeroporto não possui mais procedimento de aproximação ou saída por instrumentos (IFR) publicados;
– Instalação de um sistema de luzes para pouso conhecido como PAPI pois hoje o aeroporto não possui sistema de indicador de trajetória de rampa visual (PAPIS);
– Ativação da (AFIS – Serviço de Informação de Voo de Aeródromo) através da instalação de uma estação de Rádio com operador para fornecer informação mereologias as aeronaves que venham ao aeroporto;
– Instalação de uma estação de meteorologia de Superfície (EMS). ( a EMS-A apresentada na reunião dispensa o item acima que seria a ativação de uma AFIS com operador de rádio porem o tempo de implementação é muito superior por esse motivo seria mais rápido a instalação de uma estação com um operador;
– Diminuição da pista em aproximadamente 60 a 70 metros para evitar pavimentação extra em atendimento a RESA. Aeronaves categoria C pois não possui área de segurança de fim de pista (RESA);
– Pode ser que seja necessário a relação da iluminação e remarcação da pista devido a diminuição porem esse requisito depende da vistoria da ANAC;
-Corte da mata no sítio aeroportuário que já foi autorizada pela FEPAM;
-Escada para desembarque e embarque;
-Empresa para operar o terminal de embarque bem como fornecimento de equipe treinada para operações aeroportuárias. (sugestão INFRAERO);
-Raio-X e detector de metais;
E autorização após as melhorias da agencias competentes pois a legislação atual da ANAC (Portaria 9249/SIA), o operador do aeródromo teria que apresentar plano de ação e gerenciamento de risco aprovado pela ANAC antes do início da operação, visto que não teve operação existente (RBAC 121) entre 01/01/17 e 31/01/23.
Ainda segundo Nunes, a pista atual do aeroporto é de 1507 m x 30 m / PCN 32.
TORRES
Conforme o prefeito de Torres, Carlos Souza, a expansão do Aeroporto Regional de Torres é de grande importância para a região e também para todos os municípios em torno. Será um incremento nas atividades comerciais de todas as áreas e um incentivo ao turismo regional.
“A Prefeitura está à disposição para contribuir e vai se empenhar para concretizar este antigo anseio da população. Todo o Estado será beneficiado com a iniciativa. Os prefeitos do Litoral Norte estão empenhados e juntos vamos lutar por esse incremento na nossa região. Todos irão se beneficiar, é desenvolvimento para todos”.
GOVERNO
Em coletiva de imprensa realizada na terça-feira (4), o governador Eduardo Leite anunciou que será realizado um levantamento de medidas e ações para ampliar a malha aérea, a infraestrutura e o número de voos nos aeroportos estaduais.
A análise, que deverá ser concluída em até 15 dias pelas secretarias da Reconstrução Gaúcha e de Logística e Transportes (Selt), ocorre devido aos problemas de infraestrutura do Aeroporto Internacional Salgado Filho, localizado na Capital e que foi atingido pela enchente.
Outro fator que será levado em conta é a adaptação dos terminais à nova realidade de resiliência climática no Rio Grande do Sul, de modo a se tornarem opções de deslocamento para o Estado.
“Vamos buscar alternativas e medidas emergenciais para serem implementadas em nossos aeroportos a fim de minimizar o impacto de não termos a operação do Salgado Filho. Além disso, vamos dialogar com as companhias aéreas e buscar viabilizar mais voos para nossos aeroportos”, disse o governador.
O governo do Estado é responsável pela administração dos aeroportos de Capão da Canoa, Carazinho, Erechim, Passo Fundo, Rio Grande, Santo Ângelo, Torres e Canela. Todos estão funcionando normalmente e dentro das capacidades que possuem.

PERSPECTIVA
De acordo com o Presidente do Fórum Empresarial de Torres, Eraclides Maggi, nesta semana ocorreu uma reunião para tratar do assunto com o Senador Amilton Mourão, que foi resumida por Maggi como “ótima”.
Com todo o trabalho realizado pelas lideranças da região, a expectativa é de que o Aeroporto Regional de Torres possa fazer parte das bases de apoio ao Aeroporto Salgado Filho. Fica a esperança de que investimentos sejam feitos o mais breve possível e a estrutura receba voos em breve.