Neste final de semana lembramos o dia da pessoa estudante. Mais especificamente no dia 11 de agosto. Uma alusão a suposta data de instalação dos dois primeiros cursos de nível superior em 1827, alguns anos após a decisão por uma independência política do Brasil. Mas há também uma referência ao 11 de agosto de 1937 quando foi criada a UNE (União Nacional dos Estudantes), entidade atuante até hoje. Uma recordação que faz jus as pessoas que, de fato, são protagonistas desta data. Vale lembrar também que neste ano de 1937 foi implementado no Brasil um golpe à democracia que ficou conhecido como “Estado Novo”. Suprimiam-se uma série de direitos, especialmente o direito ao debate e participação política. Um cenário que destaca a importância da criação desta entidade representativa dos estudantes num momento histórico em que era restrito o direito de gritar.
Desde então a voz estudantil passou a ser uma referência também política e é neste quesito que precisamos estender nossa reflexão e pensamento.
Para alguns há um entendimento de que ser estudante é uma fase da vida em que se aprende conteúdos já experimentados e consagrados. E o bom estudante é o que consegue reproduzir, nas provas, este saber consolidado. Repete o que lhe foi ensinado.
E há também outro entendimento, tantas vezes afirmado nos projetos pedagógicos da educação e das escolas. Apontam a educação como uma oportunidade de amadurecimento para a vida quando o aprendiz, pelo processo de conhecimento, torna-se sujeito do saber. Não apenas repete informações, mas insere-se no aprendizado como intérprete. Traduz para uma nova realidade e novo tempo saberes transformados e transformadores.
Trago na memória um escrito de Emmanuel Kant, influente filósofo do século XVIII. Num artigo intitulado “O que é ilustração” nos provoca a sair da menoridade ingressando no que ele chama de “esclarecimento” que nada mais é do que a capacidade livre de decidir e escolher por si mesmo, sem a tutela dos que querem dominar o nosso pensamento.
Vibro com esta data que lembra a essência de pessoas estudantes. E lamento quando vejo a lacuna de organizações estudantis capazes de ecoar gritos em meio a tantos silenciadores. O dia está aí posto para lembrar que, quem sabe um dia…