Home GeralSetembro Amarelo: altas taxas de suicídio em Torres acendem alerta e reforçam a importância do diálogo

Setembro Amarelo: altas taxas de suicídio em Torres acendem alerta e reforçam a importância do diálogo

por Melissa Maciel
IMAGEM: CAMPANHA SETEMBRO AMARELO

Neste Setembro Amarelo, campanha nacional de valorização da vida e prevenção do suicídio, um alerta é aceso no município de Torres. Com uma taxa de suicídio de 23,11 casos para cada 100 mil habitantes registrada entre 2022 e 2024, a cidade ultrapassa com folga a média do estado, de aproximadamente 14,5, e a de Porto Alegre, que é de 8,5.

A campanha, que em 2025 traz o lema “Se precisar, peça ajuda!”, busca quebrar o tabu em torno do tema e incentivar a busca por auxílio profissional. Sim, todos nós, imprensa, governo e sociedade precisamos falar mais disso. O dia 10 de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

De acordo com dados oficiais, entre 2022 e 2024, foram registrados 36 suicídios em Torres, sendo 33 deles de residentes do município. Segundo dados do município de Torres, a situação em 2025 continua preocupante. Até setembro deste ano, a cidade já contabiliza nove ocorrências de suicídio. Deste total, sete eram residentes de Torres, sendo que dois deles cometeram o ato em outra cidade, e dois eram não residentes que estavam no município.

Os números referentes às tentativas de suicídio são ainda mais preocupantes e revelam um intenso sofrimento psíquico que afeta parte da população torrense. O aumento expressivo de lesões autoprovocadas, principalmente entre os jovens de 10 a 19 anos, chama a atenção das autoridades de saúde.

Em todo o ano de 2024, foram registradas 48 lesões autoprovocadas. Em 2025, até o dia 31 de julho, esse número já chegava a 44, indicando uma tendência de alta. A principal forma de tentativa de suicídio observada tem sido a ingestão medicamentosa.

Os dados sobre intoxicação exógena (causada por agente externo, como medicamentos) corroboram este cenário. Em 2024, dos 53 casos de intoxicação registrados, 39 foram tentativas de suicídio. Já em 2025, até o final de julho, das 44 intoxicações, 35 tiveram a mesma motivação.

O crescimento entre os mais jovens é notório. No ano de 2024, foram 9 casos de intoxicação exógena em pessoas de 10 a 19 anos. Em apenas sete meses de 2025, o número já saltou para 12 na mesma faixa etária.

REDE DE CUIDADO

Apesar dos desafios, Torres possui uma ampla Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com múltiplos pontos de acolhimento para quem está em sofrimento. O CAPS Renascer é um dos pilares dessa rede, atendendo atualmente cerca de 900 pacientes ativos. Com uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos, psiquiatras, assistente social, enfermeiros e outros profissionais, o centro oferece não apenas consultas, mas também oficinas terapêuticas, grupos de conversa e atividades que visam resgatar o vínculo social dos pacientes.

Além do CAPS, a população pode procurar ajuda imediata nos postos de saúde (ESFs), no Pronto Atendimento 24 horas e em outros serviços integrados como os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), escolas e o atendimento psicológico oferecido por estagiários supervisionados na ULBRA Torres.

AÇÃO DE SAÚDE MENTAL

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Torres realizará uma ação especial na Prainha no dia 20 de setembro, sábado, como parte da campanha Setembro Amarelo. O evento, que busca promover a saúde mental, o bem-estar e a cultura, contará com uma programação diversificada e gratuita para toda a comunidade.

A iniciativa oferecerá atividades de surfe para crianças e adolescentes, proporcionando um espaço de lazer e contato com a natureza. A trilha sonora do evento ficará por conta da banda “Zé da Bandana” e do paciente do CAPS, Franklin, que apresentarão seus talentos musicais ao público.

Além das atrações musicais e esportivas, o evento contará com uma feira de artesanato, onde serão expostos e vendidos produtos confeccionados pelos próprios pacientes do CAPS, como velas artesanais. Haverá também a possibilidade da instalação de um estande do Centro de Valorização da Vida (CVV), para a divulgação de seu importante trabalho de apoio emocional e prevenção do suicídio. Para completar a programação, serão disponibilizadas bolas para a prática de vôlei, incentivando a atividade física e a integração social.

SINAIS DE ALERTA E DESAFIOS

Os profissionais de saúde alertam para a importância de reconhecer os sinais de que alguém pode estar em risco. Falas recorrentes sobre morte, isolamento social, tentativas anteriores e automutilações são alguns dos indicativos que não devem ser ignorados. O suicídio é um fenômeno complexo, influenciado por fatores psicológicos, sociais, econômicos e biológicos.

Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, não hesite em procurar os serviços de saúde ou entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 188. A ligação é gratuita e o atendimento é realizado por voluntários 24 horas por dia.