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Somos um povo de discípulos missionários

por Nicole Corrêa Roese

Dizíamos em nossa Assembleia Diocesana de Pastoral, no último sábado (18), que somos um povo de discípulos missionários. É importante, mais uma vez, tomarmos consciência da nossa identidade e consequente responsabilidade. Nós, da Diocese de Osório, nos reconhecemos e compreendemos assim: um povo de discípulos missionários.

Como afirma o Documento do Sínodo, “a sinodalidade implica uma profunda consciência vocacional e missionária, fonte de um estilo renovado nas relações eclesiais, de novas dinâmicas participativas e de discernimento eclesial, e de uma cultura de avaliação, que não pode ser estabelecida sem o acompanhamento de processos formativos orientados. A formação em estilo sinodal da Igreja promoverá a consciência de que os dons recebidos no Batismo são talentos que frutificam para o bem de todos: não podem ser escondidos ou permanecer inoperantes” (n. 141).

Eis um convite importante do documento: reconhecermo-nos como vocacionados e missionários. Ser cristão é algo que toca a pessoa no mais profundo do seu ser, marca sua identidade e define sua forma de estar no mundo. Essa conscientização é fundamental para sermos cristãos autênticos e comprometidos.

É essa tomada de consciência que nos leva a assumir nossa condição de vocacionados e missionários. Esse deve ser o fruto da Iniciação à Vida Cristã; caso contrário, os que recebem os sacramentos correm o risco de afastar-se da comunidade, sem assumir nela qualquer serviço, como se nada tivesse acontecido. Se a nossa catequese não desperta essa consciência, nossa proposta precisa ser repensada.

Ser discípulo missionário não é uma meta alcançada de uma vez por todas. Implica conversão contínua e crescimento no amor, “até alcançar a medida da plenitude de Cristo”. Se o dom da comunhão, da participação e da missão se renova em cada Eucaristia, por que, então, mesmo os que participam semanalmente das celebrações nem sempre se percebem como vocacionados e missionários?

Na Igreja, ninguém é mero destinatário da formação. Todos somos sujeitos ativos. Portanto, todos deveríamos sentir-nos comprometidos com a evangelização — concelebrantes nas nossas liturgias, corresponsáveis nos serviços da comunidade, participantes alegres e vibrantes nos eventos de fé.

Não esqueçamos: a oração é a primeira ação missionária e, ao mesmo tempo, a primeira força da esperança. A evangelização é sempre um processo comunitário, assim como a própria esperança cristã. A ação missionária de formar e amadurecer a fé em Cristo é “o paradigma de toda a obra da Igreja”. A conversão pastoral que buscamos passa necessariamente por essa consciência: todos somos vocacionados e missionários.

Assim vivendo, seremos verdadeiramente “missionários da esperança entre todos os povos”.

+ Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório.