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Temporada reprodutiva de baleias-francas no Sul do Brasil revela comportamento e saúde dos filhotes

por Melissa Maciel

Reportagem quinzenal do Grupo Maristela em parceria com o Farol das Baleias aproxima público da ciência e da conservação ambiental.

Imagens captadas por drone com zoom revelam detalhes inéditos das baleias-francas sem aproximação real dos animais | Fotos: Projeto Farol das Baleias

A temporada reprodutiva da baleia-franca-austral (Eubalaena australis) em 2025 tem revelado importantes informações sobre a espécie no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Com mais de 110 baleias adultas identificadas até o momento, o monitoramento realizado pelo Projeto Farol das Baleias, tem permitido observar detalhes que antes passavam despercebidos, graças ao uso de drones.

O estudo não se limita a registrar o período de maior abundância. A equipe busca compreender a composição dos grupos observados, questionando se são mães com filhotes, indivíduos solitários ou baleias que retornam de anos anteriores.

“Não se trata apenas de identificar o período de maior abundância, mas também de compreender quem compõe esses grupos”, explica a coordenadora Ticiana Fettermann.

PESQUISAS

Entre os pesquisadores envolvidos, a mestranda Andriéli Boeira, da Universidade Feevale (RS), destaca que um dos principais objetivos do estudo é mapear a frequência com que os mesmos indivíduos são avistados, tanto dentro da mesma temporada quanto em anos diferentes. Ela também busca identificar os momentos de maior concentração de fêmeas com filhotes ou de baleias solitárias, informações essenciais para compreender a dinâmica reprodutiva da espécie.

O coordenador do projeto, Daniel Danilewicz, reforça a importância dos dados coletados. “Essas informações ajudam a entender a dinâmica reprodutiva da espécie no sul do Brasil e fortalecem ações de conservação voltadas aos períodos de maior presença de filhotes”, afirma.

Além dos adultos, os filhotes serão foco de uma pesquisa específica. A mestranda Maria Clara Cabral, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), irá investigar o desenvolvimento das colônias de ciamídeos, pequenos crustáceos que dão às calosidades das baleias sua cor característica, branca ou amarelada. Maria Clara também avaliará a saúde dos filhotes nos primeiros meses de vida e criará um atlas visual para documentar os resultados, contribuindo para um catálogo de identificação individual dos animais.

O acompanhamento detalhado proporcionado pelos drones permite que cientistas e população se aproximem da vida das baleias sem interferir no comportamento natural dos animais.