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Uma mostra de amostras

por Nicole Corrêa Roese

É interessante observar e viajar pelo campo dos conceitos. Muitas de nossas palavras podem nos levar a interpretações diversas. E quando pensamos estar falando uma mesma língua, estamos compartilhando ideias diferentes e até divergentes. Pequenos detalhes definem expressivos caminhos de entendimento.

Convivemos com palavras que podem ter significados diferentes. Há um nome para isso: homônimos. Também palavras muito semelhantes que remetem a conceitos diversos. Nesse caso são parônimos.

Não quero avançar nesses fenômenos de linguagem, mas apenas identificar a importância para também deixar claro o que queremos expressar quando nos comunicamos. E o processo de debater o que realmente se quer dizer é importante e traz clareza do que buscamos e defendemos.

Várias escolas da região, especialmente da rede estadual, organizaram um momento de abertura de suas portas para uma mostra de trabalhos. Algo que também já foi denominado de “feira de ciências”.

Trata-se de uma mostra ou amostragem? Parecem sinônimos e, no entanto, também podem apontar para entendimentos diversos.

Inserido no processo, participei desta discussão num espaço escolar. Buscamos pela definição de conceitos. Encontramos a ideia de amostra como uma pequena porção ou representação de algo maior, indicativos de algo que vai além do que está apresentado. Já o termo mostrar nos remeteu à ideia de exposição ou exibição de algo conquistado. Confusos, entendemos que poderíamos utilizar ambas as palavras como sinônimos. Ainda assim, no debate pareceu-nos pertinente abraçar a ideia de amostragem. Até que alguém expôs o pensamento de estarmos oportunizando uma mostra de amostras.

Aplicados os conceitos à atividade da Escola, foi um momento de expor uma pequena porção do que está acontecendo como processo. Não algo concluído ou pronto, como quem compõe e lança uma música ou então quem expõe um quadro pintado como arte. Antes, a sensação de estar construindo algo que provoca um “quero mais”.

Abrir as portas e os cercados das escolas é sim uma amostra do que pode e precisa ainda acontecer. Um convite para abraçar algo maior do que prédios.