Conversas e debates com diferentes grupos apontam a família como uma das referências essenciais para a vida. Quando o questionamento é em torno de valores, é esta instituição que aparece como uma das mais citadas. Unanimidade.
E o que é a família?
Aqui a resposta já não é unânime. Somos cúmplices em defender a família, mas díspares ao caracterizá-la.
Existe um elemento que são as culturas espalhadas pelos continentes. A ideia de pai, mãe e filhos não é comum. Há muitos modelos e classificações. E também dentro de uma cultura mais ou menos comum o entendimento difere. Um exemplo é a ideia de “família desestruturada” reivindicada por alguns. O tema é muito polêmico. Quando é que, de fato, está estruturada ou quando se desestrutura? Que estrutura é a ideal?
Há pouco estava lendo e até debatendo com alunos, num componente escolar que se intitula “Gênero e Relações Interpessoais”, um artigo de cunho antropológico que afirma não existirem famílias desestruturadas e sim rearranjos familiares. Adaptações que estruturam um grupo no seu conjunto de relações e pertença. E possivelmente aqui esteja a essência de uma família: um grupo cúmplice nas relações. Não necessariamente definido pela ascendência ou descendência sanguínea, mas pelo compromisso mútuo de cuidado e felicidade.
Família é quem cuida da gente e quem a gente quer cuidar. A tal ponto de administrar conflitos. Porque eles existem, inclusive como parte constituinte. O exercício de administração de conflitos é uma das bases de sustentação e amadurecimento das relações. Famílias se rompem e desestruturam quando as diferenças não se sustentam. Famílias se fortalecem quando as diferenças, mesmo sendo acentuadas, convergem pelo sentimento de pertença uns aos outros. Uma atitude de cumplicidade. E quando isto acontece há uma sensação de prazer que energiza o que vem pela frente.
Outro elemento são as pessoas que se agregam para além da consanguinidade. O que se convenciona chamar de afinidade. Porque estão “a fim” desta mesma cumplicidade.
As definições, por mais complexas que pareçam, são mais simples do que a vivência. Explicações atuam no campo do ideal. Vivências estão no campo do real. Mas se complementam e fortalecem.
O ideal me dinamiza e o real me otimiza.
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