Home RegiãoMoradora de Torres ajuda a recontar história por trás da lenda da Noiva da Lagoa

Moradora de Torres ajuda a recontar história por trás da lenda da Noiva da Lagoa

por Anderson Weiler

Uma das mais trágicas histórias do Rio Grande do Sul ganha novos contornos a partir do olhar de quem viveu de perto a dor da perda. Ingrid Emmer, hoje com 85 anos e moradora de Torres, é cunhada de Maria Luiza Haussler, assassinada aos 17 anos em 1940 e cujo corpo foi encontrado na Lagoa dos Barros. O crime brutal deu origem à lenda da “Noiva da Lagoa”, mas por trás do mistério popular, há uma jovem com nome, história e sonhos interrompidos.

A trajetória de Maria Luiza será retratada na exposição “A Noiva da Lagoa: um crime que virou lenda”, que estreia no Museu Caldas Júnior, em Santo Antônio da Patrulha, no dia 6 de agosto. A abertura oficial ocorre no dia 16, às 14h, com a presença de Ingrid, que teve papel essencial para viabilizar a mostra. Foi ela quem cedeu objetos pessoais da cunhada, como cadernos, cartas e poemas — inclusive escritos pelo próprio autor do crime, Heinz Werner João Schmeling, que matou Maria Luiza após não ter seu amor correspondido.

Mais do que memórias materiais, Ingrid compartilha vivências. Além de participar da abertura, ela gravou um episódio especial do projeto “Resgatando Memórias”, do museu, no qual relata sua trajetória como sobrevivente da Segunda Guerra Mundial e revela detalhes inéditos sobre o assassinato que marcou sua família. O conteúdo será divulgado no dia 25 de agosto, às 20h, pelas plataformas digitais do Museu Caldas Júnior.

A exposição propõe uma imersão nos acontecimentos da época, com recortes de jornais, documentos, objetos de uso pessoal e instalações artísticas. O resgate tem como objetivo humanizar a figura que o imaginário popular transformou em lenda — uma jovem que ousou dizer “não” e foi silenciada de forma trágica.

Quase 85 anos depois, a presença de Ingrid Emmer ajuda a costurar passado e presente, oferecendo ao público não apenas uma história para lembrar, mas também uma voz para ouvir.

FOTO: MATEUS BRUXEL/AGÊNCIA RBS