Home SaúdeOutubro Rosa: avanços no diagnóstico e a urgência da prevenção

Outubro Rosa: avanços no diagnóstico e a urgência da prevenção

por Melissa Maciel

Nova diretriz do SUS amplia acesso à mamografia a partir dos 40 anos e reforça o papel do diagnóstico precoce na luta contra o câncer de mama e de colo do útero.

Neste Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a saúde feminina, uma mudança significativa marca o avanço das políticas públicas de prevenção no Brasil. O Ministério da Saúde anunciou a ampliação do acesso gratuito à mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres a partir dos 40 anos, uma conquista histórica que pode salvar milhares de vidas.

A ginecologista e obstetra Dra. Andréia Castro, em entrevista à Rádio Maristela, na segunda-feira (06), destacou que essa ampliação representa “uma notícia maravilhosa”, pois o diagnóstico precoce é o fator decisivo para o sucesso no tratamento. “O nosso objetivo é fazer o diagnóstico precoce, pegar lesões menores que dois centímetros, e isso só a mamografia é capaz de mostrar”, afirmou a profissional. Até agora, o exame gratuito era ofertado prioritariamente a mulheres acima dos 50 anos.

O PRIMEIRO PASSO É SE TOCAR

Apesar dos avanços tecnológicos e da oferta de exames, o maior obstáculo ainda é o medo. Segundo a Dra. Andréia, apenas 40% das mulheres realizam o autoexame de mama. “Muitas têm receio de encontrar algo. O autoexame não substitui a mamografia, mas é uma forma de conhecer o próprio corpo. Se perceber qualquer alteração, procure o médico imediatamente”, orientou.

A médica também reforçou que não existe uma única causa para o câncer de mama. A doença resulta da combinação de fatores de risco, entre eles genética, obesidade, sedentarismo, consumo de álcool, menstruação precoce, menopausa tardia e falta de amamentação. “A obesidade após os 50 anos é um dos principais fatores de risco. E, no caso do álcool, é mais prejudicial do que o cigarro quando falamos em câncer de mama”, alertou.

CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

Outro avanço importante citado pela especialista é a nova diretriz nacional para o rastreamento do câncer de colo do útero, que coloca o foco na detecção do vírus HPV, principal causa da doença. “O novo protocolo prevê a coleta do teste do HPV. Se o resultado for positivo, a paciente fará o preventivo anualmente; se for negativo, o próximo exame poderá ser feito em cinco anos”, explicou.

O objetivo é tornar o rastreio mais eficiente, acompanhando de perto as mulheres em maior risco. A médica lembrou que 99% dos casos de câncer de colo do útero estão associados ao HPV e que o novo método permitirá identificar precocemente as lesões antes que evoluam para o câncer.

A FORÇA DAS CAMPANHAS

Com mais de 25 anos de atuação, a Dra. Andréia afirma que o tratamento oncológico no SUS é um dos mais avançados do mundo. “Os nossos índices de diagnóstico ainda são baixos, mas o tratamento oferecido é altamente especializado. O desafio é fazer a mulher entrar no sistema e buscar ajuda a tempo”, enfatizou.

Durante o Outubro Rosa, as unidades de saúde intensificam as ações, ampliam horários de atendimento e promovem mutirões de exames preventivos. “O caminho é o seu postinho, no seu bairro. Lá a mulher vai receber orientação e encaminhamento para mamografia ou preventivo”, destacou.

CONSCIENTIZAÇÃO QUE SALVA VIDAS

Mais do que uma campanha simbólica, o Outubro Rosa é um movimento de empoderamento e autocuidado. A mensagem é clara: conhecer o corpo, vencer o medo e procurar ajuda médica são atitudes que fazem diferença entre o diagnóstico precoce e o tratamento tardio.

“Quando o câncer é descoberto no início, há grandes chances de cura sem mutilações”, concluiu a médica. A nova diretriz do SUS e a atualização dos protocolos reforçam o compromisso do país com a saúde da mulher, um avanço que transforma informação em prevenção e prevenção em vida.