O Brasil segue livre da poliomielite desde 1994, resultado direto das campanhas de imunização em massa e da adesão da população à vacinação infantil. No entanto, especialistas alertam que a redução nas coberturas vacinais observada nos últimos anos representa um risco real de reintrodução do vírus, ainda presente em países como Afeganistão e Paquistão.
A pediatra infectologista Carolina Brites lembra que a poliomielite, conhecida como paralisia infantil, é uma doença grave, causada por um vírus que atinge o sistema nervoso central e pode provocar paralisia e até a morte. “Os sinais e sintomas são inespecíficos e podem evoluir rapidamente para dificuldade respiratória e óbito. A única forma de prevenção é a vacina”, enfatiza.
A VACINA
A imunização no Brasil começou com a famosa “gotinha”, símbolo de campanhas que marcaram gerações, e hoje é feita por via intramuscular, em esquema definido pelo Ministério da Saúde: três doses da vacina inativada (aos 2, 4 e 6 meses de idade) e dois reforços com a vacina oral. A orientação segue recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mantém a meta de erradicar completamente o vírus em escala global.
O Dia Mundial de Combate à Poliomielite, celebrado em 24 de outubro, reforça a importância da imunização contínua e do trabalho conjunto entre governos, profissionais de saúde, cuidadores e entidades como o Rotary Internacional, responsável por liderar, há mais de 30 anos, a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, que já reduziu os casos em 99,9% no mundo.
Apesar do avanço, a OMS e o UNICEF alertam que cerca de 20 milhões de crianças ainda não receberam todas as doses necessárias, em função de conflitos, desinformação e dificuldades logísticas. A entidade reforça que a imunização universal é fundamental para evitar o retorno da doença e garantir um futuro livre da poliomielite para todas as crianças.
No Brasil, o último caso registrado da doença ocorreu em 1989, na Paraíba. Desde então, o país mantém vigilância constante e campanhas anuais de vacinação. O desafio, segundo as autoridades sanitárias, é garantir que todas as famílias mantenham as cadernetas atualizadas, um gesto simples que salva vidas e preserva conquistas históricas da saúde pública.
FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL