Na tarde do último sábado (5), três adolescentes integrantes do projeto Patrulheiro Ambiental Mirim encontraram, na Praia Tupinambá, em Torres, em via pública, um exemplar do sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus formosus), espécie ameaçada de extinção e considerada rara. A descoberta mobilizou órgãos ambientais e resultou em uma ação conjunta para garantir a segurança e a preservação do animal.
A identificação foi realizada por uma técnica da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema/RS). Com apoio da Brigada Militar Ambiental de Torres, o anfíbio foi transportado e reintroduzido no Parque Estadual de Itapeva, unidade de conservação que abriga ecossistemas de restinga e dunas, ambientes onde há registros naturais da espécie. As adolescentes que encontraram o sapinho participaram da soltura, numa ação simbólica que demonstra a importância do papel da educação ambiental e da cidadania no cuidado com a natureza.
A Brigada Ambiental destacou que o episódio evidencia a importância da participação comunitária na proteção da fauna silvestre e o papel essencial das unidades de conservação na manutenção das espécies ameaçadas.
SAPINHO-DE-BARRIGA-VERMELHA

O Melanophryniscus formosus, conhecido popularmente como sapinho-de-barriga-vermelha, é um pequeno anfíbio endêmico do Rio Grande do Sul, descrito originalmente em 1925, tendo como localidade-tipo o município de Torres. Recentemente, a espécie foi reconhecida em revisões taxonômicas do gênero Melanophryniscus e segue sendo objeto de interesse científico pela escassez de registros populacionais.
Habitante típico de ecossistemas costeiros, o sapinho vive em áreas de restinga, dunas fixas e móveis e zonas úmidas temporárias, ambientes frágeis e cada vez mais pressionados pela expansão urbana e pela degradação ambiental. Assim como outros anfíbios de seu gênero, possui reprodução explosiva, concentrada em períodos de chuva intensa, e é considerado um importante indicador de qualidade ambiental, por depender de águas limpas e vegetação preservada.
As principais ameaças à espécie incluem a urbanização desordenada, a fragmentação de habitats, a poluição da água e a contaminação por resíduos domésticos e agrotóxicos. A preservação de áreas naturais, como o Parque Estadual de Itapeva, é considerada fundamental para garantir a sobrevivência da espécie e de outros anfíbios nativos.
De acordo com pesquisadores e registros da Sema/RS, o Itapeva é um dos últimos refúgios de fauna e flora típicas da planície costeira do litoral norte gaúcho, abrigando uma diversidade de espécies ameaçadas. A presença do Melanophryniscus formosus no local indica a importância da conservação desses ambientes e a necessidade de ações educativas e de manejo ambiental contínuas.
FOTOS: PATRAM TORRES